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Terapia com hipnose tem emagrecimento como 'efeito colateral'

Há anos, a professora Aline Monteiro Ferreira, de 29 anos, duela contra o sobrepeso. Todas as dietas possíveis e imagináveis, ela fez. Em abril do ano passado, chegou aos 115 quilos. Assustada, voltou à dobradinha endocrinologista com nutricionista. Em seis meses, eliminou 10 quilos. Porém, outros 14 se foram em menos de três meses. Nesse período, ela começou um tratamento contra ansiedade onde se submeteu a sessões de hipnose. Emagrecer não era o objetivo, mas acabou sendo um “efeito colateral” que a surpreendeu.

“O que engorda uma pessoa não é a comida, mas as emoções”, explica o terapeuta Rafael Haddad.

Ele foi professor em um colégio onde Aline estagiou e depois veio a ser contratada. Lá, porém, pouco comentava sobre sua atividade paralela de terapeuta. Ao se desligar da instituição convidou Aline para fazer um tratamento contra ansiedade. Ele conhecia bem a história da sua, agora, amiga.

A mãe de Aline morreu de câncer quando ela tinha 13 anos. Quando dona Selma soube da doença, a filha tinha 5 anos. Quando o pai de Aline soube da doença da mulher, ele foi embora de casa. Ele também morreu de câncer, seis meses após a morte de dona Selma.

Filha única por parte de mãe, Aline (que tem três irmãos por parte de pai) foi morar com a avó materna. Ela conta que, até a adolescência, era uma “magrela”. Foi engordando aos poucos, apesar de praticar vôlei, natação e dança. Todas as dietas “da moda” ela fez.

“As dietas mexem com o seu emocional porque você fica obcecado. Se falha

em algum ponto, bate culpa. Isso mais atrapalha do que ajuda”, afirma ela que, nesta foto, estava com 113 quilos.

Além do sobrepeso, Aline duelou na juventude contra dificuldades financeiras. Ela conta que foi o fato de sempre ter sido boa aluna que a ajudou a seguir os estudos em bons colégios, graças a bolsas que conseguia ganhar. Em 2008, passou para Nutrição na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Cursou até o terceiro período, mas largou a faculdade para trabalhar.

Ironicamente, arrumou emprego como vendedora de loja de roupa, onde lhe exigiam manequim 44, no máximo – e que já era muito. O trabalho a levou a morar em Salvador (BA). Uma doença da avó a trouxe de volta para Niterói, sua cidade natal. O preço do retorno, porém, foi a perda do emprego. Em 2013, ingressou em outra faculdade, dessa vez, Pedagogia, onde se encontrou profissionalmente.

Ainda é professora de um famoso colégio particular de Niterói, onde conhecera Rafael.

“Não sabia desse lado terapeuta do Rafael. Eu já tinha tentado várias coisas

contra ansiedade como meditação e yoga. Quando ele sugeriu um tratamento à base de hipnose, não tive medo porque já o conhecia do colégio, confiava nele. Mas vários amigos me criticaram por topar fazer”, conta Aline, na foto, em setembro de 2018.

Rafael sabe que há muitos mitos em relação ao assunto. De imediato, ele esclarece que hipnose é ferramenta terapêutica e não uma terapia. Segundo ele, todos podem fazer, sendo que, com muito cuidado, pessoas que sofrem de esquizofrenia (“porque não dissocia fantasia de realidade”).

“O metabolismo é movido, em boa parte, por emoções que geram hormônios. Em muitos casos, a pessoa engorda para se proteger, é um estoque para o dia seguinte. Geralmente, está relacionado com perdas. A hipnose ajuda no processo de controle da ansiedade, do controle emocional. O emagrecimento é consequência desse controle emocional”, explica Rafael que há 20 anos atua como terapeuta de múltiplas abordagens e há quatro incluiu a hipnose como ferramenta de trabalho.

O que Aline conta a respeito desse tratamento é que, com a hipnose, conseguiu se equilibrar. Tanto, que deixou de seguir a dieta à risca – e foi quando mais emagreceu. Ela entendeu que seu sobrepeso era fruto de questões emocionais e não compulsão alimentar.

“Eu percebi que vivia sob pressão por não ter uma estrutura familiar, de não saber como seria o dia de amanhã. Era um desamparo sentimental. Agora, já percebo que tudo pode ser resolvido e, com isso, ganhei maior liberdade emocional. Quando vi, tinha emagrecido. Atualmente, não me privo de comer nada. Mas se um dia eu cometo algum excesso, compenso no outro. É o velho bom senso. Continuo indo na endocrinologista e na nutricionista, mas tudo agora é muito mais tranquilo. Me sinto mais feliz porque as coisas estão mais equilibradas”, conta Aline que desde 2017 mora sozinha em Itacoatiara, região oceânica de Niterói. Essa foto é de janeiro passado.

Segundo ela, hipnose é “sonhar de forma consciente”. Rafael explica que, durante a hipnose, a pessoa permanece ativa e “pode parar o processo na hora que quiser”. Ele observa que, apesar de praticamente todos poderem se submeter à essa técnica, é preciso traçar uma estratégia particular para alcançar o que a pessoa deseja. Ansiedade e depressão são as doenças que mais têm levado as pessoas a buscarem a hipnose, segundo o terapeuta.

A meta principal de Aline para este ano é iniciar outra faculdade, dessa vez de Artes, na Universidade Federal Fluminense (UFF). Recentemente, começou a praticar acrobacia e malabarismo, além de andar no Slackline. Ela ainda está se tratando contra ansiedade e diz que pretende eliminar mais oito quilos. Porém, afirma que esse não é seu foco. Isso porque ela já entendeu que “tudo é uma questão de mente, de estar bem”.

Mas, quem se submete a um tratamento desse tipo corre, então, o risco de perder peso demais? Segundo Rafael, não:

“Sem ansiedade, o corpo encontra seu próprio equilíbrio. Porém, tudo depende do que a pessoa deseja”

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