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Sobre aniversários e presentes antigos

Na última quinta-feira, dia 7 de junho, minha filha mais velha completou 20 anos. É o tipo de data que provoca muitas reflexões e emoções. Por coincidência, um pouco antes, o irmão fez uma “limpeza” na sua prateleira de bonecos de pelúcia. Coube a mim a missão de lavá-los para doá-los. É muito importante esse desapego, mas, caramba, como é difícil.

Difícil para mim, é claro! Minha filha já se desfez de vários e manteve alguns bonecos, por conta de grande carinho que sente por quem lhe presenteou. O irmão fez mais ou menos a mesma coisa.

O filme “Toy Story” registra brilhantemente essa situação de “despedida” de brinquedos, conforme as crianças crescem. E o faz sob o ponto de vista dos brinquedos. É comovente! Sob o ponto de vista das mães, posso assegurar que é tão comovente quanto.

É incrível que, muitas vezes, mal lembro a refeição que fiz no dia anterior. Mas é impressionante como me lembrei de como cada boneco chegou na minha casa. E que fase no desenvolvimento do meu filho representou, o tempo em que fez parte do hall dos preferidos. Já quando cada um deles passou a ficar mais tempo na prateleira do que na cama dele eu já não me lembro tão bem.

Preciso dizer que chorei muito conforme fui cuidando de cada brinquedo para que seguisse sua jornada? Não foi um choro triste, mas carregado de muita emoção. Na verdade, carregado de muita saudade. Saudade de uma fase da minha vida muito bonita. Ela com 20 e ele prestes a completar 18!

Vendo agora, foi sim uma fase linda, mas não totalmente cor-de-rosa. Porém, na minha memória, é como se naquela época não existissem problemas. Quem dera!

Os bonecos de pelúcia. Aniversário de 20 anos. E a tentação de fazer a pergunta: o que fiz da minha vida?

Fiz o que eu pude fazer. Fiz o que eu tinha condição de fazer. Certo ou errado, foi o meu possível. O melhor dentro do meu possível.

Cheguei a ficar tentada a achar que fui mais feliz ontem do que hoje.

Depois, porém, olhei ao redor e me dei conta que achar que somente o passado foi bom seria muito injusto com meu presente. As dificuldades são outras. Os problemas são outros.

O passado de amanhã é o que faço agora. Se amanhã eu quero olhar para trás e lembrar com saudades de dias felizes, tenho que ser feliz hoje, neste exato momento.

O mais difícil em relação ao aniversário de 20 anos da filha mais velha é a constatação do meu envelhecimento. E isso assusta. Ela decola e eu aterrisso. É assim que é.

Para quem sempre viveu sob as amarras do medo, bate, sim, alguns arrependimentos pelo não feito. E eis que aqui estou tornando público sentimentos tão pessoais, sem medo que me achem ridícula ou sei lá o que. E percebo o quanto avancei em relação a esses medos. E comemorei.

Em relação aos bonecos, dois pelos quais tenho particular carinho eu separei para dar para uma amiga cuja filha está grávida. Minha amiga será avó de um menino. Com sua filha, os bonecos continuarão a povoar o meu mundo, em outro lugar. Os outros seguirão seu destino. E que continuem a ser muito felizes.

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